13.8.15

Albarde-se o burro à vontade do dono

Albarde-se o burro à vontade do dono.

Um provérbio português, de tipo filosófico...
Uma forma simples, na perspectiva sensata de André Jolles. Paradoxalmente, o livro anda perdido nas estantes, também elas cada vez mais longe da vista. De tal modo que já pensei em vendê-las... para não incomodar...
Também não tenho dúvida: o provérbio é uma forma simples tal como o mito. O que isto significa para mim, é que estas formas guardam, em poucas palavras, uma sabedoria ancestral... ao contrário das formas complexas, como o  romance, que podem ter centenas de páginas a tentarem albardar o burro sem o conseguirem...
O que me preocupa na definição é que este provérbio possa ser do tipo filosófico, porque, na verdade, essa vertente filosófica surge-me como anátema (maldição), isto é, como expressão de resignação...

Curiosamente, na letra do provérbio, nada é dito sobre o burro, apesar de sofrer a ação de um sujeito indeterminado, que até posso ser eu(?)... E tudo é dito sobre o dono: tem vontade, poder - o poder de mandar fazer, a não ser que o dono seja o sujeito indeterminado...

No caso que me conduziu a esta reflexão, posso assegurar que não vou revelar o nome do dono, mas ele bem merecia, e que o sujeito é determinado, albardando-se a si próprio. E eu, resignado, lá vou caminhando página a página...  



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