24.6.15

Seres imorais

«Pour entrer dans les songes de l' homme, if faut être un homme. Il faut être un ancêtre, être vu dans une perspective d'ancêtres, en transposant à peine des figures qui sont dans notre mémoire.»Gaston Bachelard, La Bible de Chagall, in Le Droit de Rêver.

Poder-se-á pensar que sonhar é uma das múltiplas formas de evasão, de voltar costas à realidade, no entanto, nada mais falso.
Neste tempo de crise, deparamos com dois problemas insolúveis. O primeiro resulta do sonho coletivo se basear na satisfação de desejos de curto prazo. O segundo tem origem na natureza dos decisores, que, de verdade, não são homens capazes de traçar um desígnio, de acordo com os valores que, ao longo dos tempos, orientaram as comunidades que, supostamente, deveriam guiar.

O problema dos decisores é que não têm memória dos acontecimentos e das figuras fundadoras das culturas e das organizações, reduzindo tudo à lei da oferta e da procura. E nessa voragem, o cidadão mais não faz do que responder a estímulos sabiamente ministrados por quem procura o enriquecimento célere e sem olhar a meios...
Esta é uma outra espécie de homens que nada tem a ver com a Bíblia de Chagall:

«Les êtres présentés par Chagall sont des êtres moraux, des exemplaires de vie morale.» op. cit.

Oiço as notícias da Grécia, de Bruxelas, de Portugal... e não consigo entender os sonhos dos homens, só descortino personagens sem moral que se movem em circuito fechado, preocupadas apenas com o vil metal...

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