24.4.15

E depois veio o 25 de abril

«e depois veio o 25 de abril, cravos vermelhos, Grândola / vila morena, e o povo é quem mais ordena, e então / aparecem em toda a parte uns gajos que, faz favor, / era a eito, desde o Cristo Cunhal até ao jotinha: / o meu reino é para já...» Herberto Helder, A Morte Sem Mestre, pág.45-46.

41 anos depois, uns irão descer a avenida, outros subirão ao carmo; a vila morena, bastante mais pálida, derramar-se-á sobre o vermelho dos cravos...
Entretanto, os gajos,  já gagás, soltarão vivas a abril: uns de barriga cheia; outros de barriga vazia. Como se a Índia ainda existisse! 
À força de repetirmos o caminho, desembocámos no beco das almas depenadas pelos jotinhas, os únicos que sempre souberam encher o papo, não fossem eles filhos dos abutres do estado novo...

Estranho, estranho é que ainda haja quem acredite (ou nos queira fazer acreditar) que o povo é quem mais ordena... Peço desculpa pela heresia, mas bem sabem que sou um homem sem fé...

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