22.1.15

O escritor Antônio Torres na ESCAMÕES

O escritor brasileiro bahiano Antônio Torres, convidado da Casa da América Latina para um encontro literário sobre as "Relações Transatlânticas", antecipou, perante uma plateia de jovens atentos e um pouco tímidos, o teor da palestra que iria proferir ao fim da tarde de hoje...
Refira-se que, apesar da sua obra não estar à venda em Portugal, Antônio Torres deixou no auditório o desejo de ler algumas das suas obras, designadamente, Os Homens dos Pés Redondos. Este romance, na verdade, nasceu aqui, em Lisboa, na Praça de Londres, no dia 25 de Junho de 1965, data da chegada a Portugal, onde acabou por viver e trabalhar três anos, na área da publicidade. Este livro regista o olhar de um jovem brasileiro sobre um povo envelhecido e acabrunhado, prisioneiro de um espaço concentracionário.
De entre a vasta obra, Antônio Torres abordou os temas de fundo autobiográfico e, sobretudo, histórico presentes em Um Cão Uivando para a Lua, Essa Terra ( hoje, considerada uma obra-prima), O Cachorro e o Lobo, Meu Querido Canibal, O Nobre Sequestrador...
Sem descurar a explicação do trabalho ficcional e das relações do Brasil com a Europa do século XVI (Portugal e França), o entusiasmo do escritor foi evidente sempre que se referiu aos amigos que foi fazendo em Portugal ao longo de 50 anos, em particular Alexandre O'Neill, que o acolheu durante quatro meses em sua casa no nº 23 da Rua da Saudade, com a simples exigência de que ele se dedicasse à escrita... Entre os amigos referiu também Manuel Marcelino, Hélder Costa, Ary dos Santos, José Saramago, Lídia Jorge e, finalmente, mostrou grande agrado pela escrita da romancista Teolinda Gersão...
Em termos pedagógicos, valorizou a importância dos professores que, através da estratégia de leitura em voz alta, permitem que o jovem tome consciência da língua, em termos lexicais e sintáticos. E ainda, literária e pedagogicamente, foi visível o seu fascínio pela Carta de Pêro Vaz de Caminha sobre «o achamento do Brasil» e, pelos brasileiros José Alencar, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto...

A saudação, o enquadramento e a apresentação do escritor estiveram a cargo do diretor João Jaime Pires Antunes, da coordenadora da programação científica e cultural da Casa da América Latina, Maria Xavier, e da professora Dulce Silva, Coordenadora do Departamento de Estudos Portugueses.

Em conclusão, foi um colóquio muito inspirador só possível graças à iniciativa do professor José Esteves.

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