30.11.14

Como uma abelha

«Nascemos sem saber fallar e morremos sem ter sabido dizer. Passa-se nossa vida entre o silencio de quem está calado e o silencio de quem não foi entendido, como uma abelha em torno de onde não ha flores, paira incognito um inutil destino.» Pessoa Inédito, No Jardim de Epitecto

Lembro agora que Fernando Pessoa nos deixou a 30 de novembro de 1935. O Tejo continua o mesmo do amanhecer e do entardecer do Livro das Horas. Embora o Poeta tenha dito que do Tejo se vai para o mundo, a verdade é que o Tejo no-lo devolveu inteiro para que nele pudéssemos descansar nas boas e nas más horas...
Com ou sem flores, continuamos à espera que o gládio se ilumine e nos faça descortinar a praia da Verdade. De tempos a tempos, o sino tange, e nós apressamos os passos inúteis...
Queremos falar, mas não sabemos o que dizer. Esvoaçamos apenas!

Lembro agora o tempo em que, juntos, encetámos um caminho sem lhe conhecer o rumo. Deu os frutos esperados da «besta sadia». Já decorreram 40 anos em que fomos falando mas, na verdade, ainda não sabemos o que dizer... e provavelmente nunca saberemos. A vida não passa de um INTERVALO!

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