14.6.14

A vida invisível


Depois do filme, fui à Feira do Livro, onde tive oportunidade de trocar algumas palavras com Lídia Jorge…
Uma leve emoção  expressa num aperto de mão, repetido…
Lídia Jorge foi minha professora de Português, em Tomar, no longínquo ano de 1972/73.

No filme de Vítor Gonçalves, tudo ganha vida desde que a câmara repare, isto é, pare e volte a parar. A câmara, por vezes, parece imobilizar-se por falta de luz. A penumbra assombra os interiores como se estes fossem apenas a projeção das personagens masculinas – António e Hugo. A primeira está lá para que, na morte, anuncie qual será o futuro de Hugo, cujos últimos seis anos foram de completa submissão ao passado.
Hugo é, assim, uma personagem sem presente nem futuro; só passado. Até o Terreiro do Paço promete ter melhores dias! Se estas duas personagens foram delineadas para simbolizar o estado da nação, o objetivo é alcançado, mas com tal lentidão que desespera qualquer espectador…
Hoje, na sala dois do Monumental, às 15h15, não estavam mais do que dez espectadores. Entre eles, uma velha senhora que ia comentando a inação, lembrando que Vítor Gonçalves pertenceria à “escola” de Manuel de Oliveira, que os parisienses é que iriam delirar com o filme, que Hugo era “psicótico”, e que Adriana estaria melhor em Amsterdão…
À saída, encontrei um colega, professor de Filosofia, que já tinha visto o filme e que, de chofre, me disse que não recomendava A Vida Invisível a ninguém… Eu, ao contrário do companheiro da velha senhora, não adormeci, tendo apreciado alguns planos crepusculares, mas penso que o argumento foi muito maltratado e arrastado…
Finalmente, gostaria que, na ficha técnica, não tivessem chamado Fabiana à minha filha Susana. Ainda se fosse Sofia!
/MCG

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