3.6.14

Prosa de corrimão

Quando as pernas pesam e os pés hesitam é sinal de que os neurónios entram em colapso, provocando lapsos de memória e, sobretudo, desorientação do olhar e intumescimento do rosto...
Nem é preciso espelho! Basta passar a mão pelo cabelo e pela face para perceber que a disformidade se vai instalando...
Descer a escada começa a ser um ato reflexivo: Quantos degraus? A que distância uns dos outros? A mão que procura o corrimão invisível agita-se desajeitadamente. Pouco falta para cair! E esse pouco encoraja e assusta...
Apesar do ar patético e da voz pastosa, nem tudo parece perdido sobretudo quando a vontade desperta e impõe a disciplina que há muito vai faltando...
O problema é que a vontade consome demasiada energia, porque a vontade é a força que combate a fraqueza e desse combate, sinto que já só sobra ora a leveza ora o carrego.


De qualquer modo, esta prosa não tem qualquer utilidade, a não ser a de poder substituir o corrimão.
/MCG

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