26.5.14

O absentismo

«E vivemos de maneira / que a vida que a gente tem / É a que tem que pensar.» Fernando Pessoa, 18.09.1933

Face aos resultados das últimas eleições, apetece condenar o absentismo e, sobretudo, a falta de sinais claros de mudança. O contentamento de vencedores e perdedores é um indicador do estado de decadência a que classe política chegou...
Nestas eleições, o absentismo de mais de metade da população é que merece ser pensado. Os cadernos eleitorais continuam por atualizar; o e-fatura é uma realidade, mas o voto eletrónico não passa de miragem num país onde os jovens, reféns da web, não sabem o que é deslocar-se a uma mesa de voto ou, emigrados, não podem deslocar-se aos consulados... sem falar do elevado número de idosos, sem transporte, acamados ou simplesmente descrentes...
Falta pouco mais de um ano para as eleições legislativas, e nada irá ser feito, nos próximos meses, para atualizar os cadernos eleitorais e para introduzir o voto eletrónico.
Finalmente, embora possa apetecer condenar o absentismo, a verdade é que a maioria dos abstencionistas é o retrato do estado de pobreza a que o país chegou. E dos pobres idosos, de meia idade, jovens, não é de esperar que vão votar a não ser que surja uma esperança de mudança que, infelizmente, acabará por se elevar dos escombros dos valores democráticos...
Os resultados por toda a Europa já prenunciam um novo tempo, inevitavelmente, de maior exigência e  violência...

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