18.3.13

Desenhar...

Diz Álvaro Siza Vieira: «Desenhar é um vício desde menino (...) porque permite o lançamento de hipóteses de uma forma muito expedita e muito maleável (...) porque passou a fazer parte de um método de trabalho e de um hábito mental que depende muito desta relação entre as mãos e a mente.» Expresso, 16.03.2013

Nunca consegui desenhar nada que se aproveite, embora, a espaços, tenha tentado. Sempre me considerei desajeitado, mas nunca pensei seriamente na relação entre as mãos e a mente, embora as veja como um prolongamento dependente do olhar.
À medida que envelheço, vou tomando consciência de que o desajustamento desta tríade - mente, olhos, mãos - me condiciona diariamente a ação, e creio, agora, que sempre me condicionou.
E como não acredito no inatismo, sou levado a pensar que conheço a causa, embora a não confesse. Porquê? Porque não faz sentido ajustar contas com o passado. No entanto, o recalcamento é o pior inimigo da harmonia necessária à coordenação da ´tríade - mente, olhos, mãos - e do desenvolvimento de automatismos mentais capazes de acrescentar e melhorar a realidade.
O tempo corre, e o desenho não surge. Agora, a tríade é outra: mente, ouvidos, pernas...


 

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