3.1.13

A poesia acrescenta...

Hoje, não resisto a perguntar ao ministro Crato se, de futuro, a poesia será excluída dos programas de Português, pois o ato poético - o ato de fazer - é anterior aos atos de informar e de opinar.
O ato poético é primordial e está intimamente associado à percepção da realidade, ao modo como o poeta  aborda sensorialmente o mundo das coisas e dos seres, e essa captura é individual e necessariamente incómoda, pois cabe-lhe, ao moldar a matéria de que se tece, dizer / fazer o que ainda não foi dito / feito...
A poesia acrescenta, não se limita a opinar ou a informar ou a espelhar sentimentos. A poesia foge dos círculos viciosos e virtuosos! E foge do biografismo! De nada serve mergulhar nas suas malhas à procura do sujeito... este serve a expansão do mundo e só é feliz quando o poema se emancipa, e imanente sobrevive à literatura.  
Há mais de 2500 anos que a poesia recria o mundo, ora gerando fronteiras ora diluindo-as, pois cada poeta reivindica para si a liberdade de ver, ouvir, cheirar, degustar, tactear, e que nenhum pensamento geométrico poderá estorvar.

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