19.7.12

Por uma república formatada

I - Nada melhor que a leitura de uma instrução de exame, por exemplo, de Literatura Portuguesa, para se compreender a alma do avaliador (GAVE) e o futuro que nos espera:

Tendo presente a leitura que fez de textos de um dos poetas indicados no módulo do programa intitulado «Romantismo, Realismo e Simbolismo» – Almeida Garrett, Antero de Quental, Cesário Verde, António Nobre ou Camilo Pessanha –, refira os dois aspetos a que atribui maior importância na obra do poeta por si selecionado.
Redija um texto bem estruturado, de cem a duzentas palavras.(
2012, Prova 734, 2ª fase)

Como se vê, é simples: durante um ano, memorizam-se três ou quatro respostas, de cem a duzentas palavras, e já está! E também nunca percebi se um texto com 100 palavras é equivalente a um de duzentas, quando se disserta ou argumenta… E todos os anos é isto!

A Literatura vê-se, assim, reduzida a opinião, quando não a «achismo» imbecil!

Pobre Literatura! Pobre País!

II - O ministro da Educação, Nuno Crato, não promove a prospetiva no seu gabinete. Parece não ter nenhum assessor capaz de prever situações que poderão resultar dos seus atos. Situações felizes e infelizes!

Preocupado com a transparência da sua ação, reduz o número de horas de aprendizagem, aumenta o número de alunos por turma, aumenta a carga horária dos professores e surpreendido com o efeito dessas decisões, confessa que nunca pensara que poderia criar milhares de horários-zero e, sobretudo, que isso poderá empobrecer ainda mais o estado da educação. 

Claro que Nuno Crato sabe muito bem o que é a prospetiva, ele que tanto ama a arte de calcular!

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