20.4.12

Na hora de S. Boaventura

(…) O presente é aquilo que pode ser imediatamente experimentado, o passado é o que pode ser rememorado, e o futuro é a incógnita que talvez ocorra algum dia. Norbert Elias, Sobre O Tempo, 65-66, Zahar, 1998

Se olharmos, de perto ou de longe, para o que se passa nas salas de aula, não será difícil entender que o que interessa a muitos jovens de hoje são as anedotas rasteiras, as pequenas intrigas, os trapinhos, as palavras brejeiras, o verniz e o batom, os esgares narcísicos, tudo de forma impontual, sonolenta e entediada… ( Sopra um ar de decadência em tudo isto!)

Embora possa parecer que o melhor será abandonar a sala e deixar o barco à sua sorte, creio que o caminho está em desenhar um percurso que, combatendo a vacuidade do presente, ajude a construir a memória textual, através da leitura, da descoberta das grandes questões colocadas pelo texto, da releitura e… sobretudo da produção de sínteses, de novas sínteses, de sínteses escritas de grau superior. Nada de resumos! Nada de textos de apoio! Só exegese e muita lexicologia…

Mesmo que o futuro seja uma incógnita, a sua abordagem pode ser diferente para melhor, tal como a Ventura pode ser má ou boa…

E tudo sem seguir, na íntegra a lição de S. Boaventura:  "Não basta a leitura sem a unção, não basta a especulação sem a devoção, não basta a pesquisa sem maravilhar-se; não basta a circunspecção sem o júbilo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humanidade, o estudo sem a graça.”

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