30.1.10

Para além do futuro…

 Há o perto e há o longe. Do presente, apenas a proximidade onde se esconde o cemitério anunciado pela forma esguia e gótica – sensações de ausências por explicar. Do passado, seis moinhos perfilados testemunham os destinos breves e desprendidos; ao mesmo tempo, trazem de regresso o atalho e o tojo, o burro e a saca, o moleiro e a mó – farinha e farelo da existência.

Fica a bifurcação, onde, por enquanto, nada passa e que eu percorro só de a olhar.

27.1.10

A chave do Homem…

Por mais hipóteses que coloquemos sobre  o Homem, dificilmente chegaremos a algum lugar se ignorarmos a chave que Camões nos deixou. Podemos vasculhar lugares, linhagens, amores furtivos, brigas noctívagas, simples alistamentos ou desterros, heróicos naufrágios românticos, protectores e detractores, esquecimentos deliberados…, a chave do homem está à nossa mão:
«Nem me falta na vida honesto estudo
Com longa experiencia misturado,
Nem engenho, que aqui vereis presente,
Cousas que juntas se achão raramente».
Camões, Os Lusíadas, X, 154.
E essa chave resume-se à típica tríade camoniana: HONESTO ESTUDO, LONGA EXPERIÊNCIA, ENGENHO.
Como diria Cícero: «doctrina» ou «ratio» ou ainda «ars»; «exercitatio» ou «industria»; ingenium» ou «natura»…
(Se nos inclinarmos um pouco, ainda poderemos acompanhar o Poeta e entreabrir a porta do futuro…)
PS: Não vale a pena invectivar quem não procura a chave ou, então, já a perdeu. A NATURA, não a podemos escolher… e a HONESTIDADE já teve melhores dias.

25.1.10

Dar, ou não, a dica…


  1. Ontem, percorri um troço de cerca de 30 km da N2 e fiquei estupefacto com a degradação daquela estrada nacional. Será que o objectivo é obrigar os automobilistas a procurar a auto-estrada e a pagar portagens? As consequências estão à vista: a desertificação do Alentejo e o isolamento das populações que restam.
  2. Ontem, também, recebi um “comentário” da Xica a solicitar-me uma dica. Diz ela que leu (mas não compreendeu nada!) a peça O RENDER DOS HERÓIS, de José Cardoso Pires. Xica não estudou certamente a História do séc. XIX, designadamente, a governação do Costa Cabral, a revolta da Maria da Fonte e o movimento da Patuleia. Sem esse estudo, dificilmente, poderá compreender a ascensão e queda do populismo. E nada entenderá da pretensão de José Cardoso Pires de retratar o salazarismo dos anos 50-60 do século passado.
  3. «Dar a dica» dar a alguém a indicação que lhe serve para realizar o que pretende.
  4. Um dia destes, ninguém cruzará a Nacional 2! Um dia destes, ninguém lerá O RENDER DOS HERÓIS!
  5. Um dia destes, navegaremos tão céleres que os espelhos embaciarão de vez.

23.1.10

Cores líquidas na barragem de Odivelas

  Na barragem de Odivelas. Longe da cidade caótica, raras são as pessoas; apenas alguns coelhos, surpreendidos, precipitam-se para os juncais. 

22.1.10

As Batalhas no Deserto

O escritor José Emílio Pacheco nasceu na cidade do México em 1939 e cresceu durante a presidência de Miguel Alemán Váldes (1946-1952).

O mandato de Miguel Alemán (Valdés) ficou marcado por um forte desenvolvimento industrial, resultante da aposta na construção de estradas, caminhos de ferro, portos, escolas, bairros de renda económica, e no turismo. As mulheres puderam votar pela primeira vez nas eleições municipais. No entanto, este espírito empreendedor acabou por degenerar no enriquecimento escandaloso dos políticos que negociavam os contratos …  A moeda acabou por desvalorizar provocando a ruína da classe média e dos mais pobres…

A história de amor impossível, entre o jovem imberbe e a misteriosa mãe do amigo Jim, decorre  num cenário de crise moral, social  e económica, resultante da ganância de uns tantos que, sob a capa do desenvolvimento do México, criam fronteiras que muram e asfixiam as classes mais numerosas… Progressivamente, uma elite apropria-se da riqueza… tal como acontece nos dias de hoje, aqui, em Portugal… A descrição da acção de Miguel Alemán não deixa de nos fazer pensar em Sócrates…

20.1.10

Do amor à pátria…


Nas primeiras páginas do Contrato Sentimental, de Lídia Jorge, encontro um poema do mexicano José Emílio Pacheco que começa por afirmar «Não amo a minha pátria. / O seu fulgor abstracto inacessível. / Porém (ainda que soe mal) daria a minha vida/ Por dez dos seus lugares, certas pessoas…». A leitora, Lídia Jorge acaba por desenvolver a ideia de J.E.P., no conjunto de textos em que nos convida a apostar no Portugal futuro, mesmo que isso signifique romper com o Portugal expansionista e colonizador… Involuntariamente, penso no verso de Pessoa /Reis "Prefiro rosas à pátria, meu amor." E também nas Causas da Decadência dos Povos Peninsulares, de Antero de Quental, ciente de que a Lídia Jorge falta a competência argumentativa de Antero e a subtileza interpretativa de Eduardo Lourenço, sem esquecer o messianismo luminoso de António Quadros…
Nesta deriva comparativa, começo a ler As Batalhas do Deserto, de José Emílio Pacheco, desperto para um critério de leitura de Rosa Montero que divide os autores em memoriosos e amnésicos. Dicotomia que me agrada, pois, sem ser autor, não deixo de me situar do lado daqueles (os amnésicos) que "não querem ou não podem recordar; certamente fogem da sua própria infância e a sua memória é como um quadro mal apagado."
A esta hora, decido não falar da surpresa que é ler As Batalhas do Deserto, porque, de facto, estou a reler Cão Como Nós, de Manuel Alegre e a pensar no modo como o candidato à Presidência da República conjuga: cão como nós / cão como tu / cão é cão. E também não vou concluir a reflexão, porque Sarah Kane me está a recordar que antes de adormecer ainda devo terminar a leitura da peça RUÍNAS.

17.1.10

Os novos lugares

Os novos espaços escondem e revelam. A memória do passado fica em quem ali trabalhou, uma memória de guerra, colonial, em nome de uma pátria indivisa e sobranceira. Talvez, convenha esquecer essa pátria que colapsou nos anos 70 do século passado! A dinamite serve agora para abrir as fundações do futuro, em condomínio fechado, apesar de alguns equipamentos sociais – as famigeradas contrapartidas do negócio! Com vista para a ponte Vasco da Gama, as gruas, desajeitadas, suportam o peso dos materiais e da ambição humana, libertando os novos escravos para tarefas menos árduas ou simplesmente para o desemprego permanente, para a indigência…

Na nova pátria, os polícias continuam a autuar os condutores incautos, indiferentes aos veículos estacionados na mesma rotunda. Os outdoors convidam-nos ao aconchego evasivo da fantasia. O verde estende um breve tapete do que foram hortas vicejantes e auto-suficientes. Os candeeiros, inúteis a esta hora do dia, anseiam pela penumbra que lhes devolva a razão…

E eu, simplesmente, caminho a pensar que a professora Amélia Lopes acaba de fazer um diagnóstico arrasador do insucesso escolar em Portugal: “Mais velho, mais qualificado e maioritariamente do sexo feminino” o docente perdeu o pé… Quem precisa de experiência, de exigência, de compreensão nesta nova pátria?

De facto, o rejuvenescimento esconde o passado. E eu continuo a deambular, evitando falar de Cesário Verde, não vá ferir a epiderme dos nautas do presente.

16.1.10

Sem glória nem grandeza…

Junto ao Tejo 021

Outrora, os imperadores romanos, vitoriosos, mandavam erguer monumentos para inscrever o seu nome na História. Napoleão, imperador, em 1806, também, não resistiu a essa pequena vaidade.

Hoje, deparei com um Arco do Triunfo no Museu da Electricidade. Felizmente, é de plástico! E por perto não avistei qualquer imperador. Só pescadores de rio, ciclistas de fim-de semana e casais de meia-idade. O Sol escondera-se, envergonhado de ainda haver quem o queira ofuscar com o poliéster.

15.1.10

Haja Inverno na terra, não na mente. (FP/Ricardo Reis)

O forte sismo (7.0 na escala de Richter) que atingiu o Haiti terá feito mais de 100 mil mortos. A ilha caraibenha virou cenário de destruição quase total.

 

Os mercados de Wall Street fecharam em queda, penalizados pelos títulos da banca, após divulgação dos resultados do JP Morgan, cujas receitas ficaram abaixo do previsto.

O ex-deputado socialista Manuel Alegre afirmou hoje estar disponível para ser candidato da esquerda às próximas eleições presidenciais que acontecem em 2011.

O apelo de Cavaco Silva ao consenso partidário na redução do défice e da dívida externa teve respaldo no Governo.

Quase um mês depois, Amado e Reis cruzaram-se num acto social no Palácio de Belém. Luís Amado cumprimentou Carlos Reis e convidou-o para almoçar. «O convite nunca se confirmou».

A tragédia do Haiti não afecta os mercados financeiros mundiais!

A tragédia do Haiti não afecta a disponibilidade do providente Manuel Alegre!

A tragédia do Haiti não afecta o orçamento português!

A tragédia do Haiti não afecta os ajustes de contas!

Nem a tragédia do Haiti nos faz parar e pensar!

Ficamos, no entanto, a saber que, quando um forte sismo atingir Portugal:

  • Os mercados financeiros mundiais não serão afectados;
  • A disponibilidade do providente Manuel Alegre não nos terá feito sair do desnorte em que vivemos;
  • O orçamento português de 2010 (nem dos anos seguintes) nada dirá quanto à obrigação de afectar recursos para (re) construir as nossas aldeias, vilas e cidades em bases mais seguras;
  • Os Reis e os Amados continuarão emplumados.

 

14.1.10

Amanhã, como será?

 Hoje, o “DN JOVEM” voltou à Escola. E explicou qual foi e pode ser o papel de um suplemento literário: dar voz a quem a não tem; dar voz a quem a procura; dar voz às pulsões mais recônditas; colocar em rede vozes longínquas e diversas; afrontar códigos cristalizados; dar a iniciativa à juventude…

13.1.10

Barreiras à solta…

 

Se quiser salvar uma língua de prestígio como o francês, ameace com a oferta do espanhol. A língua vizinha assusta! Parece que esta língua deixou de estar à altura do "século do ouro"! Ter-se-á tornado numa língua "demasiado fácil"?!

Como é que medimos o prestígio de uma língua?

(Um ministro português afirmou recentemente que a língua portuguesa vale 17% do PIB.) Seria interessante saber quanto valem a s outras línguas para os respectivos países.

 

Ainda fará sentido temer a Espanha? O medo é um instrumento facilmente manipulável. Sobretudo, quando a comunicação entre os povos é escassa. E a comunicação autêntica só é possível na língua, neste caso, nas línguas – portuguesa e espanhola – gerando um salutar e próspero bilinguismo.

Considerando as nações que constituem a Ibéria, uma educação plurilingue e intercultural deveria assentar no bilinguismo e no biculturalismo, quer falemos de Portugal, da Galiza, da Catalunha, do País Basco… ou de Castela…

Haverá ainda quem acredite numa economia pujante em Portugal sem a cooperação com Espanha?

E se a estratégia de recuperação económica passar por Espanha, que língua devemos utilizar? - O Inglês? Um novo crioulo?

 

 

 

12.1.10

Desafios

Responsável involuntário por um departamento curricular de línguas, interrogo-me sobre o que fazer com ele. Um departamento, histórica e geneticamente, dividido. Aparentemente, o primeiro objectivo seria eliminar a fronteira, gerando estratégias de socialização…

No entanto, sinto que o legislador ao criar esta estrutura procurou criar relações hierárquicas em vez de desencadear processos cooperativos…

E por isso creio que a única forma de combater aquele propósito passa por colocar o departamento ao serviço do aluno, procurando contribuir para a sua educação plurilingue e intercultural.

Neste sentido, proponho que sejam desenhadas duas novas estratégias: - uma plurilinguística e outra literária.

O departamento deverá, doravante, apostar estrategicamente na oferta plurilingue: Latim; Português; Português Língua Não Materna; Espanhol; Francês; Inglês e Alemão… Assim como deverá apostar na educação literária, nas dimensões europeia, lusófona e local.

Assim, não só o departamento curricular de línguas poderá vir a oferecer novas disciplinas como, talvez, necessite de repensar a sua oferta no que se refere à área de projecto.

E para que estas ideias possam ser inscritas nos projectos educativo e curricular da escola é necessário encontrar quem queira, em equipa, levá-las à prática…

10.1.10

E se passar este pórtico?

E se passar este pórtico, o que é que eu descubro? Ontem, fiquei a saber que a antiga igreja-sede da paróquia de S. Francisco de Assis, em Lisboa (no Mosteiro de Santos-o-Novo) , só abre à 6ªfeira, às 17h30.
(De acordo com informação institucional: O Mosteiro de Santos-o-Novo é notável, pelo seu grandioso Claustro e pela sua Igreja dedicada aos Santos Mártires de Lisboa: - Veríssimo, Máxima e Júlia, cuja Festa se celebra a 3 de Outubro. A sua utilização inicial foi como Convento das Comendadeiras de Santiago de Espada.)
No entanto, as portas estão fechadas! Porquê? Será porque no mosteiro do século XVII instalaram a residência universitária do ISCTE?
De fora, a ideia é de ruína! Um dos edifícios encontra-se parcialmente arruinado.
Curiosamente, o “Palheiro” albergou o Instituto do Professorado Primário Oficial Português ou Instituto do Presidente Sidónio Pais, tendo o convento das Comendadeiras da Ordem Santiago de Espada sido transformado inicialmente em residência para os filhos dos professores primários. Lá residiram, entre outros, o professor cientista Pinto Peixoto, o humorista Zé Vilhena e a ex-deputada Odete Santos. Esta última, já como estudante universitária e que ficou com uma péssima imagem da instituição.
Apesar de tudo o que eu não sabia antes de me aventurar pela história deste edifício, pelo menos, do século XVII, o que continua na minha retina é que parte da fachada deste património está muito mal tratado e, provavelmente, esconde muitas histórias mal contadas ou por contar, desde que a República tomou conta dele. Sem esquecer os acessos, vergonhosos…
Quem é que gere este património?

8.1.10

Desarrumo na fronteira…

Acordo, casamento, pacto… entre o mesmo sexo (ME/Sindicatos; Homem/Homem – Mulher/ Mulher; Governo /Oposição…) Sem esquecer o Pinto da Costa que, ao contrário de Orpheu, eliminou finalmente a fronteira que separa a vida da morte …

O impossível perde, a cada passo, o prefixo, atirando-nos para o jardim das delícias…

Um jardim, para mim, inefável… tal como Lídia Jorge o define, ao interrogar o futuro, sem perceber que este já não é inevitável: «E o inefável é aquilo que sucede de forma tão densamente expressiva que se torna impossível analisá-lo ou sobre ele falar, para reutilizar a própria semântica da palavra.» Contrato Sentimental, 2009

Ainda perplexo, pensei que era melhor esquecer o dia, quando compreendi que este era diferente dos anteriores. Afinal, a chuva cedeu o lugar ao frio, impedindo-me de mergulhar nas águas regeneradoras da euforia… e, de súbito, regresso aos PARAÍSOS ARTIFICIAIS de Jorge de Sena: Inefável é o que não pode ser dito.

Não há mais pardieiros, promiscuidade, compadrio, censura, mediocridade… no meu país.

7.1.10

Quando a resposta tarda…

Falar do tempo não faz qualquer sentido, embora nos encontros fortuitos possa ser tema dominante. Há muito que o arrumei na gaveta aristotélica da metafísica. Nessa gaveta, guardo tudo o que se vem tornando inexplicável. Lá moram Deus, a Alma, a Vida Eterna, o Sentido… E por isso também não me passa pela cabeça "enganar o tempo"!

O que é irremediável, remediado está! Compreendo que se possa querer enganar o envelhecimento, que esse, sim, é de ordem física! Todavia, não creio que se possa voltar atrás.
O Corpo estrangula o Sentido até que a matéria de que é feito se diluía, se dissolva perdidamente…

Quando a resposta tarda, não é má vontade, é apenas uma recaída… a grande Ilusão!

5.1.10

Dúvida

 

A palavra 'carantonha' é uma palavra simples ou modificada por sufixação? Na 2ª hipótese, qual é o sufixo?

2.1.10

Ter tempo… no Museu do Neorrealismo

Finalmente, arranjei tempo para ir a Vila Franca de Xira visitar o novo Museu do Neo-Realismo. Em destaque, uma exposição (escrevivendo) sobre a vida e obra de Urbano Tavares Rodrigues; outra (completíssima) sobre Soeiro Pereira Gomes; e uma terceira sobre a globalidade do movimento neo-realista,  no que se reporta à literatura, ao teatro, ao cinema e à música.

Para quem não esteja muito apressado, pode, durante 1h30, revisitar os homens e as mulheres que, de algum modo, se opuseram ao Estado Novo e, deste modo, compreender os dramas vividos pelo povo e, também, os dramas sentidos pelos artistas que, em muitos casos, vítimas da censura, da clandestinidade ou das prisões acabaram por ficar prisioneiros das suas circunstancias.

(Entrada gratuita.)

1.1.10

RESPOSTA…

Há uns meses, um colega enviou-me a intervenção de António Nóvoa, no Debate Nacional sobre Educação /  Assembleia da República, a 22 de Maio de 2006. Creio que M.B.Reis me incitava a reflectir sobre as ideias de Nóvoa, num cenário de construção de um Projecto Educativo.

Só hoje encontrei o tempo de leitura necessário ao pronunciamento. Ora, resumindo: em matéria de educação, Portugal continua na cauda da Europa; a insatisfação “quantitativa” e “qualitativa” continua em alta; avessos à «pedagogia”, desvalorizamos a cultura escolar e preferimos o “centro social”, atribuindo à escola uma multiplicidade de papéis que são da responsabilidade da sociedade; em termos de prioridades, dificilmente as conseguimos equacionar e hierarquizar…, de tal modo que os “bons” professores têm gasto uma boa parte do seu precioso tempo a participar ou a testemunhar numa peça que põe em cena o drama do respectivo estatuto e da avaliação docente – tudo questões prioritárias, mas que não asseguram:

  • os níveis mínimos de aprendizagem;
  • o sucesso de todos os alunos;
  • a valorização do trabalho escolar;
  • a satisfação dos interesses dos alunos, com esforço próprio e a maior liberdade que for possível;
  • a recuperação do contrato educativo para reinstituir um sentido para a escola;
  • o alargamento das vias tecnológicas e profissionalizantes;
  • a existência de escolas diferentes, para que se possa falar de liberdade de escolha;
  • o reforço da formação de professores, aproximando-os da realidade escolar concreta;
  • a inserção cuidada dos novos professores nas escolas;
  • a criação de lideranças profissionais num quadro de um trabalho cooperativo.

Pelo que fica dito, parece que construir um projecto educativo pressupõe saber se queremos ser uma escola diferente, isto é, orientada para o futuro; uma escola que aposte, do mesmo modo, na formação humanística, artística, científica e tecnológica; uma escola capaz de definir projectos de aprendizagem; uma escola que valorize o trabalho; uma escola que integre; uma escola que privilegie a profissionalidade e a responsabilidade; uma escola geradora de lideranças…

Já agora, para afinar a reflexão, deixo aqui as palavras de Lídia Jorge: « O lugar da instrução escolar é um lugar único e irrepetível. Não é um local de trabalho, nem é um local concebido para jogo e deleite, é um outro lugar, onde trabalho, jogo e deleite se cruzam de modo a que todo o exercício seja suportável, e a felicidade resulte da aplicação do exercício.» Contrato Sentimental, pág.50, Sextante editora, Setembro de 2009.  

Sombras…

  Maré-cheia, maré-vazia!

De facto, o que mais me tem interessado nesta passagem 2009-2010 tem sido o livro de Lídia Jorge Contrato Sentimental sobre o PORTUGAL FUTURO, a partir da genuína fórmula PORTUGAL=LIXO.