11.11.09

A morte dos provérbios e não só…

No dia de S. Martinho vai à adega e prova o teu vinho.” /“Dia de S. Martinho fura o teu pipinho.”
No caso dos adjetivos possessivos, a morte é parcial – no lugar do  velho adje(c)tivo, alguém colocou um determinante precedido de outro determinanteo teu vinho” / “a tua castanha”…, mas ficou a noção de ‘posse’, em terra de gente ludibriada…
No caso do provérbio, a situação é bem mais grave. Quem é que vai à adega provar o vinho produzido por si? Quem é que é introduz o seu pipo no barril ou o pipo no seu barril?
Afinal, quem é que ainda conhece a relação entre o pipo e o barril? Provavelmente, só o ladrão furtivo…
A morte dos provérbios é determinada pelo declínio da vivência rural. De facto, comemos gulosamente a castanha, substituimos a frugal ‘aguapé’ pela licorosa ‘jeropiga’, numa liturgia de ricos ignaros sem necessidade de criar novos provérbios.

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