21.7.09

Os amigos da tirania…

Ultimamente, alguns comentadores políticos têm vindo a insistir que a Constituição não deve consignar qualquer reserva ideológica. E como primeiro argumento apontam que numa democracia consolidada não há espaço para qualquer tipo de proibição ou de sanção, porque o cidadão sabe, em cada momento, destrinçar o bem do mal. Muito gostaria de aprovar este raciocínio, mas a história mostra à saciedade que os grupos (as classes, as castas, as corporações, a arraia-miúda…) são facilmente manipuláveis e, raramente, agem de forma racional e respeitadora dos direitos humanos. Qualquer caudilho consegue cegar multidões e destruir, em pouco tempo, tudo o que sustenta a democracia…

Num tempo de profunda crise económica e ideológica, estes comentadores deveriam saber que este é um momento muito perigoso. É um momento favorável à tirania. E deveriam saber que um "bom" tirano é, por definição, um justiceiro que, ao sacrificar dois ou três prevaricadores, rapidamente agrega uma horda sedenta de vingança.

O TERROR começa por amar o livre-pensador para depois imolar os seus filhos…

E o terror habita em muitos de nós que, almas sensíveis, pouco nos importamos se, pela nossa acção, nos prestamos a sacrificar o primeiro que se atravessar no nosso caminho. A Constituição, em nome da Humanidade, deve definir os limites e não apagá-los definitivamente, porque se o fizermos o tirano esmagar-nos-á…

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