11.7.09

Amanhã, é tarde!

O pedagogo Raul Guerreiro, do Conselho Federal Parental Waldorf, na Alemanha, publicou um artigo na Revista Ibero-Americana de Educación em que dá o Magalhães como exemplo dos "perigos da robotização da educação". No ensaio, o investigador diz que a iniciativa, "anunciada como 'Revolução para a Educação em Portugal" reduz-se a "uma jogada promocional para acompanhar um big business internacional", e cita estudos que apontam riscos do uso de computadores na primeira infância.

Não sei (ou talvez não queira) determinar os riscos do uso de computadores na primeira infância, na adolescência ou na vida adulta. Sei, no entanto, que o Ministério da Educação faz tudo às avessas: primeiro, distribui os computadores aos alunos e, depois, exige que os professores façam prova das suas competências digitais (portaria nº 731/2009, de 7 de Julho). Há muito que o M. E. deveria ter definido e lançado um programa de formação de professores, tornando obrigatória a dimensão digital. Qual é a entidade formadora de professores deste país que aborda, de forma integrada, a dimensão conteudística com a dimensão digital?

Por outro lado, de nada serve o computador ou a competência digital docente, se as nossas escolas continuam sem as infraestruturas adequadas, correndo-se mesmo o risco de um aluno, no ensino básico, aprender a utilizar as ferramentas informáticas e, posteriormente, ao chegar ao ensino secundário, descobrir que a escola não disponibiliza de forma generalizada acesso à internet nem os professores recorrem aos computadores nos processos de ensino e aprendizagem. No fundo, este aluno terá que regressar à escola dos avós!

Não é que o M.E. não saiba que estes problemas existem. Sabe. Só que as soluções não obedecem a um programa de acção bem hierarquizado, que deverá dar prioridade à formação de professores (e não formadores!) e à resolução dos problemas concretos de cada escola (o M.E. não conhece as suas escolas!), em vez de apostar na propaganda, na culpabilização de pais e docentes, e, sobretudo, em despesas faraónicas (parque escolar) que, face ao fracasso  das duas prioridades apontadas, só servirá para endividar o país e engordar uns tantos…

A educação só vale a pena se for para Hoje. Amanhã, é tarde.

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