29.6.08

Ribeira de Ilhas

Assim a ribeira invisível se perde numa língua de areia que só chega ao mar se a maré estiver cheia. Surfista cansado, deslocado da imagem, procuro o que lá devia estar, mas só encontro estilhaços de uma pedra malvada que me lembra que, por maior que seja o esforço, há sempre um pedaço de asno capaz de nos acusar de soberba e vaidade...
A semana que termina rola, farta da pequenez e da mediocridade de pequenos diabretes, para a espuma enrolada de um oceano risível de imagens e de amálgamas audaciosas de um romance pós-colonial: Venenos de Deus, Remédios do Diabo, de Mia Couto. Uma escrita que, num humor refinado, nos penetra nas entranhas, deixando a nu a miséria mental humana, como se uma pedra da calçada nos estalasse o crânio, sem sabermos se definitivamente nos destrói a vontade.
/MCH

2 comentários:

  1. Lembro-me quando soube que Mia Couto ia lançar um novo romance: Venenos de Deus, Remédios do Diabo. É algo que quero adquirir em breve, o mais possivel.

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  2. Este ainda não li, mas está na calha.
    Uma boa opção de leitura para férias, uma óptima oportunidade de os nossos alunos descobrirem, para além da trama, as potencialidades de uma língua que é (igualmente) nossa. Ou não fosse Mia Couto um dos actuais expoentes da criatividade linguístico-discursiva. Basta tomar-lhe o gosto.

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