30.12.07

Sobre o pessimismo...

Em Noites de Anto, Mário Cláudio cita um guia turístico para assegurar que a praia da Figueira da Foz poderia ser considerada, na perspectiva de António Nobre, a "Rainha das Praias de Portugal". Ora, se eu quiser dar corpo ao sol de Inverno que, nos últimos dias, tem caído sobre a praia de Armação de Pera, atrevo-me a regatear esse prémio pela sua extensão, pelas algas que se atrevem a estender-se ao sol, sem esquecer as falésias em forma de gruta que parecem sair dos campos em volta... como se os brancos prédios disformes não fossem mais do que castelos na areia... sem esquecer a faina do mar de que avisto raias de três quilos e tentaculares polvos que deixam os pescadores cor de alcatrão.

Aqui, o pessimismo perde-se no azul do céu e do mar e deixa-se subornar pela quietude dos velhos alemães, belgas, holandeses que parecem plantados de estaca neste Sul do carpe diem...

1 comentário:

  1. Quando andava ainda de calções, pela Primária e pelo Preparatório, fazia uma vez por ano uma viagem enorme. Era sempre um dia inteiro, às vezes metia pela noite dentro. Aquilo de Angeja a Coimbra, e depois a Tomar, com final previsto na Figueira, era uma aventura inolvidável. O melhor, porque mais desejado, era mesmo a praia na foz do Mondego. Tudo era optimismo nessa altura, ainda as ondas rebentavam junto à estrada quando lhe dava a maré e o areal era curto. Havia só horizonte e a ilusão confundia-se com sonho.
    Agora, que da estrada à água é uma canseira, a rainha das praias desdobra-se pela Torreira, pela Barra, pela Costa Nova e, aqui mais bem perto do meu poiso, pelo Magoito. A água nestas é igualmente fria, mas há menos vento, porventura mais iodo, seguramente mais intimidade. Acontece. Sobretudo agora que com a idade parece aumentar o pessimismo.
    Qual carpe diem qual carapuça, que nem o Natal junto à Barra se aproveitou, tal o frio e a chuva, só lamentos...

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