21.12.06

Tudo é possível...

«Passo o meu dia a dia aparentemente desligado da literatura e no entanto é literatura do princípio ao fim.» José Luandino Vieira, Público, 5/12/2006
Quando a História se apaga, o campo fica livre para a mentira, a simulação, a ficção. O Ocidente querendo evitar a mentira fez-nos crer na inverosimilhança. Por isso, ensinou-nos pacientemente a distinguir a verdade da verosimilhança.
Em tempos de maior rigor, a História exigiu-nos que sacrificassemos a vida em nome da Verdade - única. Tudo o resto era desvario diabólico.... Porém esse desvario arrepiou caminho e relativizou a Verdade - a História entrou em declínio e a verosimilhança começou a impor-nos tantos caminhos quantos os romeiros. De tal modo que facilmente cultivamos a mentira que nos permite limpar as mãos sujas do sangue de todos aqueles que sacrificámos em nome de um realismo socialista que nem sequer se queria utópico.
Tudo é possível num convento em Vila Nova de Cerveira..., contrariando a máxima de que tudo o resto é literatura!
PS: Há certamente um domínio onde nem tudo é literatura - a dor. Mas mesmo essa continua a ser literatura se apenas a fingimos. Como os poetas / fingidores deveriam ser felizes!

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