16.8.06

O interesse dá um passo em frente...

Num local onde começa a sentir-se a pressão para que o plano director municipal reconverta os prédios rústicos em urbanos, o fogo actuou de forma inteligente: devorou grande parte de três pequenos prédios rústicos, sem importunar nem a casa (entretanto, ligada à rede eléctrica) nem o pomar que os ladeiam. E também deixou incólume, do lado contrário, junto a uma estrada municipal, o posto de distribuição eléctrica e a instalação de distribuição de água a uma propriedade onde, ainda, há muito pouco tempo era visível um "pedido" de autorização de construção de uma vivenda.
Por aquilo que qualquer transeunte pode observar, a autorização de construção ainda não foi concedida, mas a "luz" e a "água" já lá estão à espera..., a troco de alguns milhares de euros recebidos por algum funcionário mais zeloso dos serviços municipais e da EDP...
Esta ideia de observar as pequenas alterações da paisagem e dos humores humanos pode ser muito maliciosa, mas, desta vez, a caruma está convencida que o combustível que incendiou o mato, o silvado, aquelas míseras oliveiras, deixou a descoberto o estéril poço e calcinado o tímido ribeiro, foi o interesse que não olha a meios para atingir os seus fins.
Ao desvalorizar a propriedade, o interesse dá um passo em frente para condicionar o plano director municipal e, sobretudo, para abocanhar tudo o que cobiça.
Quando algumas luminárias continuam preocupadas com as fronteiras que separam (ou não) a literatura do jornalismo, seria bom que este último desse mais atenção às pequenas (ou grandes) alterações da paisagem e seguisse, de perto, os passos do interesse.

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